O código de barras pode ser considerado como uma das grandes inovações do século XX. Essa tecnologia de automação permite informações mais detalhadas de transações e, consequentemente, maior capacidade de respostas às necessidades das pessoas.  Além da segurança há uma diminuição no custo operacional.

Outras vantagens do código de barras são:

  • Aumentar o nível de acurácia
  • Melhor rastreabilidade
  • A praticidade de manuseio por meio de quem trabalha

Outro aspecto muito importante é que o código de barras é utilizado por toda a cadeia de suprimentos, desde o fabricante até o consumidor final.

Na história o código de barras foi criado e patenteado por Joseph Woodland nos EUA, no ano 1952. De acordo com o Wikipédia é uma representação gráfica de dados numéricos ou alfanuméricos. A decodificação (leitura) dos dados é realizada por um tipo de scanner – ou leitor de código de barras.

Os dados capturados nessa leitura óptica são compreendidos pelo respectivo device, que por sua vez converte-os em letras ou números humano-legíveis. Sua utilização é muito comum em diversas áreas: indústria, comércio e serviços, embora no setor da saúde sua utilização ainda seja baixa em muitos países.

Mecanismo básico do código de barras

O código de Barras para produtos trabalha no padrão EAN-13 e serve como identificação no sistema do ponto de vendas dos lojistas.

Qualquer produto como, por exemplo, produtos alimentícios, CDs e DVDs, roupas, vestuários e sapatos, entre outros, utilizam códigos de barras EAN-13.

As únicas exceções são livros e medicamentos controlados.

 

Primeiramente EAN-13 significa que necessariamente precisa ter 13 dígitos a distribuição é:

1) Os 3 primeiros dígitos representam a origem da organização responsável por controlar e licenciar a numeração.

2) Os próximos dígitos podem variar de 4 a 7 e representam a identificação da empresa proprietária de tal prefixo;

3) Representam a identificação do produto e são atribuídos pelo fabricante, quando o mesmo possui um prefixo próprio, e variam de 2 a 6 dígitos;

4) O último dígito 7 é chamado de dígito verificador e confirma matematicamente que os dígitos precedentes estão corretos, isso serve para evitar leituras errôneas;

5) Apenas para indicar o final do código.

Vale ressaltar que os segundos números variam de empresa para empresa, assim como os terceiros números, dígito verificador que identificam o item devem sempre recalculados quando necessário. Com isso, cada um dos diferentes itens de uma empresa possui seu número específico de código de barras, diante disso é necessário um órgão que regule e controle esse sistema. Esse órgão que tem atuação em 150 países e conhecido como GS1.

Existem inúmeras formas de código de barras, as mais usadas devem levar em consideração os seguintes aspectos:

  • As informações que serão impressas
  • Substrato onde será realizada a impressão
  • Local onde será utilizado
  • Regulamentações locais
  • Leitores instalados na cadeia

 

Código Forma Função Dados contidos
EAN/UPC EAN/UPC Desenvolvido especificamente para leitura em ponto de venda (PDV). Amplamente utilizado em todo o mundo devido à agilidade na captura de informações. GTIN
Databar DataBar Compreende uma família de códigos que podem ser digitalizados no PDV. Pode ser muito menor do que os códigos EAN/UPC e ainda decodificar informações adicionais, como número de série, número do lote e/ou data de validade. É uma tendência mundial de usar esse código no setor de frutas e vegetais (FLV) e outros produtos perecíveis.
  • GTIN
  • Serial
  • Número do lote
  • Data de validade
Code 128 Code 128
Código de barras que pode codificar todas as chaves GS1. É usado no gerenciamento de logística e rastreabilidade codificando informações adicionais como número de série, número de lote, data de validade, quantidades, número de pedido do cliente, peso líquido, peso bruto etc.
  • GTIN
    Serial
  • Número do lote
  • Data de Validade
  • Quantidade
  • Peso bruto
  • Peso líquido
Datamatrix Datamatrix Símbolo bidimensional para aplicações especiais que permite codificar informações em espaços menores do que códigos lineares e adicionar informações adicionais, como código de produto, lote e validade. Código principal do segmento hospitalar para permitir a identificação de objetos muito pequenos e permitir a sua rastreabilidade.
  • GTIN
  • Número registro Anvisa
  • Serial
  • Número do lote
  • Data de validade
ITF-14 ITF-14 Código de barras desenvolvido para codificar apenas GTINs, pode ser impresso diretamente no substrato ondulado (caixa de papelão) oferecendo um bom desempenho de leitura. Não pode ser usado para identificar itens comerciais que passarão pelo ponto de venda.
  • GTIN
  • Número registro Anvisa
  • Serial
  • Número do lote
  • Data de validade
QR Code QR Code Os códigos QR são módulos negros densos distribuídos em um formato de caixa padrão em um fundo branco. É uma forma mais sofisticada de código de barras que pode conter 100 vezes mais informações.
  • GTIN
  • URL

Tipos de leitores e aplicação

Conexões

USB: São leitores de última geração que enviam a informação mais rapidamente. Não necessitam de alimentação agregada, pois a obtém pela conexão.

PS/2, Interface de teclado: Quando se requer que o decodificador seja de teclado, ou que os dados entrem na aplicação como se alguém os tivesse teclado, utiliza-se o que se conhece como keyboard wedge, que conecta-se à entrada do teclado do computador ou terminal.

RS232 (Serial): Os scanners que se conectam a interface RS-232 (ou interface serial) necessitam de um software especial que recupera as informações enviadas pelo scanner do código de barras e as decodifica.

BlueTooth ou Wifi: Os leitores com Bluetooth ou Wifi transmitem informações em tempo real para o desktop sem a necessidade de cabos. A comunicação ocorre por rádio freqüência.

Mobilidade

Leitores de mão: Existem leitores com ou sem cabos. São leves e ergonômicos, ideais para estoques, entre outros, possuem uma larga escala de variedade e preços.

Leitores de Fixos: Amplamente utilizados nos processos de solicitações e sistemas de classificação que requerem alta velocidade. Permite ao operador trabalhar com ambas as mãos, normalmente aplicado a soluções de automação comercial.

Tipos de Códigos

Leitores lineares: Os mais baratos e fazem a leitura apenas dos códigos de barras lineares, ou seja, não consegue interpretar as informações do QR Code ou Datamatrix.

Leitores 2D/PDF417: Podem ler um grande número de simbologias de código de barras, inclusive os códigos considerados 2D e são capazes de digitalizar imagens como assinatura ou códigos defeituosos. Perfeito em ambientes onde é necessário ter segurança da leitura correta.

Leitores de códigos de barras

 

A INTEGRAÇÃO DOS CÓDIGOS DE BARRAS COM OS SISTEMAS DE TI E A NOVA LEI DE RASTREABILIDADE NO BRASIL

A constante prática de falsificação de medicamentos e roubos de carga, fez com que a ANVISA criasse uma legislação específica para controle dos medicamentos em todo território Nacional. De 2007 à 2011 foram coletados dados pela ANVISA que, em conjunto com o Departamento de Polícia Federal, concluiu-se que 10% dos medicamentos vendidos no país eram falsos.

Em 2009 foi publicada a lei 11.903 determinando a criação do Sistema Nacional de Controle de Medicamentos (SNCM), desde a produção até o consumo. O rastreamento de medicamentos deve ser por meio de tecnologia de captura, armazenamento e transmissão eletrônica de dados, dos produtos farmacêuticos em todo território nacional.

Todas as embalagens secundárias dos medicamentos devem possuir o código GS1 Datamatrix, tornando obrigatórias informações como, IUM (Identificador Único de Medicamento) que agrupa o GTIN (Número Global de Item Comercial), número de registro na ANVISA, código serial, lote e validade. Esses dados devem estar diretamente relacionados ao registro de produto na ANVISA e CNPJ da empresa detentora do registro do medicamento.

As movimentações de medicamentos ao longo da cadeia de produtos farmacêuticos podem ocorrem de forma agregada, para isso foi criado o código, IET (Identificador de Embalagem de Transporte), quando um ou mais IUM estão acondicionados em uma embalagem de transporte.

A RDC 157/2017 definiu os membros da cadeia de movimentação de medicamentos do SNCM e os papéis que cada um deve desenvolver:

  • Detentor de Registro (Indústria)
  • Distribuidor
  • Transportador
  • Dispensador (Drogarias, Farmácias e Hospitais)

Os papéis podem variar a depender da instância de eventos sendo comunicada.

Ilustração da cadeia de movimentação de medicamentos (Fonte: Minuta, versão 0.0.49, site ANVISA)

Ilustração da cadeia de movimentação de medicamentos (Fonte: Minuta, versão 0.0.49, site ANVISA)

Cada membro da cadeia de movimentação de medicamentos é responsável por transmitir ao banco de dados todos os registros a respeito da circulação dos medicamentos sob sua custódia.

Para que o sistema siga corretamente os processos da cadeia horizontal (indústrias, distribuidores, transportadores, drogarias, hospitais) a sincronização e alinhamento dos dados entre os sistemas das empresas, irá assegurar que as informações atualizadas aumentem a exatidão dos dados entre as empresas com a ANVISA, em buscada harmonia de processos com implementações bem sucedidas, para que os impactos do sistema de rastreabilidade sejam menores, além de menos erros de movimentação que possam gerar anomalias.

Para isso os softwares dos comunicadores deverão estar aptos para montar e desmontar os Identificadores de Embalagens de Transportes (IET), Identificadores Únicos dos Medicamentos (IUM), pois o método de comunicação com a ANVISA será único.

A ANVISA desenvolveu um projeto piloto onde foram definidos padrões tecnológicos e regras de negócio que serão usados no SNCM.

O Projeto Piloto possui um ambiente de teste, onde as equipes de movimentação das indústrias, transportadoras, distribuidoras, fornecedores e dispensadores como drogarias, farmácias e hospitais devem exercer mais os seus processos, para que quando o sistema iniciar não ocorram erros que poderiam ser sanados anteriormente.

O SNCM será muito importante para melhorar a segurança dos medicamentos, mas é preciso ir mais além do código de barras. São necessários mais de dois sistemas trabalhando em conjunto para um melhor controle e segurança.

A nova lei não atinge as necessidades de segurança da rastreabilidade hospitalar, porém, será um avanço importante na segurança de toda a população que faz o uso de medicamentos em farmácias, drogarias e hospitais.

É sabido que todo processo necessita de intervenção e pode sofrer algum tipo de erro, seja ele de forma intencional ou não. Mas tratando-se de vidas humanas, esse erro pode ter consequências graves, portanto não basta apenas executar as tarefas. Mecanismos devem proteger e preservar as informações dos medicamentos reduzindo cada vez mais os erros.

Dentro dos hospitais a rastreabilidade dos medicamentos é de responsabilidade da Farmácia Hospitalar, nos centros de armazenamento e locais onde se realiza o processo de unitarização dos medicamentos.

A unitarização de medicamentos é o processo de embalagem e identificação destes, para que possam de uma maneira personalizada e controlada, circular pelo hospital e ser administrados nos pacientes de maneira mais segura.

O processo pode ser feito manualmente ou por máquinas :

  1. A embalagem unitária (ou unidose) que o medicamento receberá
  2. A impressão da etiqueta (ou impressão direta) que a nova embalagem receberá

A unitarização de medicamentos, além de melhorar seu controle em todo o hospital e nos estoques, também diferencia suas embalagens e elimina possíveis erros de caligrafia, e com isso contribui para a redução dos Eventos Adversos: resulta em mais segurança em sua administração e na comunicação com os profissionais envolvidos, além da redução de desperdício de materiais e medicamentos.

Acrescentar mais informações é extremamente importante para uma melhor comunicação entre a Farmácia e a Enfermagem. Já que aproximadamente 70% dos efeitos sentinelas são devido a falta de informações.

No processo de unitarização, preservar as informações da embalagem primária para a nova embalagem é o maior desafio, e os equipamentos de unitarização possuem esse objetivo.

Para isso é necessário:

  • Criar mecanismos de proteção
  • Procedimentos de boas práticas
  • Utilizar o maior nível de automação possível
  • Manter os colaboradores motivados e treinados

Exemplo de embalagem de unitarização

Modelos de embalagem de unitarização (unidose), Frente/Verso

Modelos de embalagem exclusiva Opuspac (unidose), Frente/Verso

As informações apresentadas nas embalagens podem ser chamadas de Lay-out, que são os textos, imagens, os códigos de barras, entre outros.

As informações essenciais como Princípio Ativo e dosagem do medicamento, validade, lote, laboratório, CRF e nome do Farmacêutico Responsável são fixos, devendo sempre estar legíveis em todas as embalagens de medicamentos

As informações variáveis nas embalagens de unitarização de medicamentos se alteram e devem ter a principal finalidade de ajudar na segurança e na administração dos medicamentos (avisos, alertas, vias de administração).

Além da maior segurança oferecida pela unitarização através de máquinas a tecnologia possui métodos automáticos do estoque de medicamentos e mais eficiência administrativa e financeira, evitando grandes gastos e perca de tempo no controle de estoque e seus inventários.

Com isso a utilização dos códigos de barras para todas as operações possíveis permite maior controle e segurança dos produtos e sistemas utilizados.

Para os medicamentos o código Datamatrix também será fundamental para sua maior segurança e melhor controle, além da diminuição de erros, que podem custar vidas.

Daniela Faria – Farmacêutica CRF/SP 51.617